O ROTEIRO ESPIRITUAL DE DORITA

Jornal O Dia

VIÚVA DO COLUNISTA SOCIAL ZÓZIMO BARROSO DO AMARAL, CONTA NO LIVRO “RELATOS DE UMA ALMA” A IDA DO CASAL AO ORIENTE E A VIAGEM ASTRAL DO MARIDO

RONI FILGUEIRAS

ALEXANDER LANDAU

A última viagem que Dorita Moraes Barros fez com o marido, o colunista social Zózimo Barroso do Amaral, foi à Tailândia e ao Nepal. “Ficamos fascinados com o budismo, com a serenidade das pessoas. Já a impressão da Tailândia é que se trata de uma grande cozinha a céu aberto”, conta Dorita, que mês passado lançou o livro “Relatos de uma alma” (Lacerda Editores), no qual traça, com detalhes, sua busca pela paz espiritual e os últimos momentos vividos com Zózimo, falecido há dois anos.

Viajar para Dorita tem a ver com explorar o lado transcendental de países e pessoas. São roteiros exóticos como Marrocos, Nepal, Tailândia, Turquia, Santiago de Compostela e Norte do México, em que ela absorve ensinamentos para desenvolver sua paz interior.

“Eu era muito agitada, impaciente, intolerante. Não tinha consciência de que existiam outras óticas da vida, que podiam nos beneficiar. Se as pessoas buscassem a religiosidade, não estariam se matando. Fui trabalhando minha religiosidade e conquistando isso”, confessa ela que prepara as malas, mais uma vez, para o Egito.

De Bangkok, capital da Tailândia, ela se lembra dos pratos apimentados – “É uma culinária perfumadíssima e eles comem até maçã com … pimenta” – e dos numerosos templos que pululam por toda parte do país. Em Ayutthaya, por exemplo, está uma gigantesca estátua de Buda deitado, toda em ouro.

Foi a partir do roteiro místico e da influência da mulher que Zózimo se viu mais próximo das coisas do espírito. “Somos um canal aberto. O estresse é que nos impede de percebermos estes sinais com que Deus nos presenteia”, define Dorita.

Com a ajuda da amiga e pesquisadora Carmen Viana, o colunista se aventurou no processo de reprogramação da memória celular, uma técnica semelhante à terapia de vidas passadas e descobriu espantado que havia sido um soldado romano que ajudou a pregar Cristo na cruz.

Antes que o câncer o consumisse, Zózimo encontrou a serenidade numa viagem astral com Carmen e tranquilizou a mulher quanto ao seu destino. “Essa é justamente a ideia do meu livro, é mostrar o caminho espiritual e compartilhá-lo com as pessoas. Nesse período da minha vida, me ajudou muito. Só nas horas difíceis a gente conquista isso”.

Em “Relatos de uma alma”, Dorita escreve sobre a regressão de Zózimo. Em destaque, trecho do relato feito pelo próprio jornalista.

Em outra vida, ele foi um soldado romano.

“Ao atingir a época de Jesus, Zózimo levou um choque e custou a aceitar aquelas cenas que se sucediam em sua visão. Era um soldado romano cumprindo ordens e acompanhou todo o calvário do Mestre. Descreveu detalhes da cruz, falou sobre os pregos, as ferramentas… – Eu me chamava Nemésio e ajudei a pregar os pés de Cristo na cruz – confessou-me. – O quadro era desolador e o rosto de Jesus transmitia uma enorme tristeza… Sentia dor, miséria e compaixão. Zózimo sentia-se transtornado e não conseguia se desvencilhar das visões. Esta sessão, em particular, havia durado muitas horas, pois sua mente cristã teve dificuldade de aceitar as cenas que iam se apresentando.”

O Universo, segundo Zózimo:

‘Entro por um túnel no qual há um facho de luz branca, onde só cabe uma pessoa. Vou subindo, subindo e de repente começo a sentir luzes saindo de dentro de mim… Vejo uma luz enorme, como se vários sóis estivessem nascendo ao mesmo tempo. Estou em frente ao infinito…

O que vejo não tem fim. Sinto que percorri um longo caminho. Estas mãos, estes pés são totalmente secundários e limitados. Estou fora e vendo meu próprio corpo, exatamente como estou vestido. É bom demais! Senti agora que não sou apenas matéria, sou o Universo. A luz explode, como se fosse um orgasmo alucinante e nesse momento cósmico sinto que nasci com o mundo, que todos somos parte de Deus e Ele vai se expandindo através do amor. A matéria é uma ilusão…

Onde há luz não haverá lugar para sofrimento, inveja, ciúme, dor, medo, morte e guerra. A humanidade precisa disso. Estou flutuando acima de mim e consigo ver meu corpo inerte.

Zózimo estava extasiado, queria dominar o espanto e gritar ao mundo o que havia visto e sentido, contar tudo aos amigos chegados, ao Fernando, seu filho.

Sem saber como fazê-lo, com dificuldade de se expressar, acabou desistindo, e aquele grito de felicidade ficou arquivado em sua alma. Naquele momento, insistiu para que eu fizesse o Processo e me pediu para tentar a mesma experiência.’